Jacarezinho: Seis meses após chacina com 27 vítimas, só um homicídio foi resolvido

Seis meses após a tragédia no Complexo do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, com a chacina policial que resultou em 27 mortes, somente um dos homicídios foi resolvido pela investigação.

A operação realizada pela Polícia Civil foi a mais letal da história do estado.

Na semana passada, o caso foi relembrado com outro episódio sangrento, desta vez em uma operação da Polícia Militar no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. Um policial e nove civis foram mortos.

De acordo com dados do instituto Fogo Cruzado, foram contabilizadas pelo menos 43 chacinas em ações policiais somente em 2021. As informaçõe são da Folha de S. Paulo.

No episódio do Jacarezinho, somente Omar Pereira da Silva, 21, teve o inquérito finalizado e resultou em uma denúncia. Ele foi alvejado em um quarto infantil e a cena do local cheio de sangue estampou capas de jornais e repercutiu mundialmente.

O agente Douglas Peixoto Siqueira foi acusado pela morte e remoção do cadáver, e Anderson Silveira Pereira apenas pela remoção. Em sua defesa, eles dizem que houve um confronto.

As mortes ocorridas dentro de casas e cômodos são as mais possíveis de chegar a uma conclusão. Outras duas ocorrências semelhantes, que são as mortes de Isaac de Oliveira, 22, e Richard Gabriel Ferreira, 23, está em fase de coleta de depoimentos.

“O MP tem realizado oitivas, que temos acompanhado, e tem feito laudos complementares de necropsia bem mais detalhados do que os do IML [Instituto Médico Legal, subordinado à Polícia Civil]. Também deve fazer uma espécie de reconstituição virtual de um dos casos”, diz Daniel Lozoya, da Defensoria Pública, que acompanha 18 famílias de vítimas e testemunhas.

Outras 21 mortes aconteceram em via pública e em becos da favela, sem testemunhas, o que dificulta o trabalho da inteligência policial.

O MP diz que Omar foi morto quando estava encurralado, desarmado e já baleado no pé, escondido no quarto da criança. E também aponta que os policiais ‘plantaram’ uma granada no local do crime, e mentiram ao alegarem que encontraram uma pistola e um carregador com a vítima e retiraram o cadáver antes da perícia.

O advogado Gabriel Habib, que defende os dois policiais, rebateu e garantiu que “será comprovado no curso do processo que a morte de Omar foi decorrente de anterior intensa troca de tiros entre policiais de um lado e os traficantes armados com pistolas, fuzis e granadas”.

“É muito incomum e precipitado o oferecimento de uma denúncia antes da conclusão das investigações. As investigações ainda estão acontecendo, em razão da complexidade dos fatos e da quantidade de pessoas envolvidas”, declarou o advogado. (BNews)

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