Itapetinga: Secretário de Saúde e representantes da Fundação José Silveira prestam esclarecimentos em sessão especial
O secretário municipal de Saúde, Hugo Sousa, e representantes da Fundação José Silveira prestaram esclarecimentos na sessão da Câmara Municipal de Itapetinga, realizada na noite desta quarta-feira (15).
Apenas o secretário Hugo Sousa havia sido convocado, por meio de requerimento, para participar da sessão ordinária de quarta-feira, porém a vereadora Sibele Nery (PT) solicitou que um representante da Fundação José Silveira também tivesse direito de usar a palavra na sessão. O pedido foi aprovado por unanimidade.
Ao justificar a convocação do secretário Hugo Sousa, a vereadora Sibele Nery disse que são inúmeros os questionamentos acerca da saúde do município. “Mas quando a população clama, quando a população está aí todos os dias no rádio, na mídia, falando a respeito da saúde do nosso município, carece, sim, que Vossa Excelência venha aqui trazer os fatos, esclarecer os acontecimentos”, explicou. A parlamentar apontou problemas relacionados à fila da Central de Marcação (CDM), atraso de salários, falta do vale transporte e falta de medicamentos de uso contínuo nos postos de saúde. Sibele justificou ainda que o convite foi estendido aos representantes da Fundação José Silveira em razão do ocorrido na última semana.
A pedido do vereador Tarugão (MDB) e com a aprovação do Plenário, a sessão ordinária foi transformada em sessão especial para ampliar o tempo de discussão dos assuntos abordados.
O secretário municipal de Saúde, Hugo Sousa, fez uma apresentação em que mostrou como funciona a Secretaria Municipal de Saúde e os seus diversos setores, citou projetos em andamento e ações que já estão sendo implementadas.
Sobre a distribuição de remédios nos postos de saúde, esclareceu que a Secretaria de Saúde compra, de forma licitada, uma lista de 248 medicamentos, tendo como base a seleção feita pela Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) e a análise das prescrições no município.
Hugo Sousa ressaltou, ainda, que o valor gasto mensalmente é estabelecido por lei federal, ou seja, o orçamento é limitado. “Existe um repasse federal, um repasse estadual e um repasse municipal para compra de medicamentos”, informou.
De acordo com ele, há uma margem de 10% de ruptura (falta do produto) e isso acontece por vários motivos, tais como falta de matéria-prima na indústria, dificuldade de compra na licitação e falta do próprio produto na distribuidora que ganhou a licitação. O secretário declarou, no entanto, que a Secretaria de Saúde tenta fornecer, na verdade, o maior número de medicamentos para a população.
Hugou revelou que existe a pretensão de iniciar o mês de janeiro com a informatização de todas as unidades de saúde em dia, já com prontuário eletrônico (PEC) e sistema de regulação (Sisreg). A ideia é criar o equivalente a mais 20 CDMs na cidade, já que o paciente vai sair do posto de saúde com o exame marcado.
“O paciente passa pelo médico, o próprio médico já vai fazer o encaminhamento para o especialista ou procedimento. Então, o paciente já vai sair dali com a data e o procedimento dele marcado. Ele não vai precisar ir mais ao CDM. Isso já foi definido com os médicos, está dependendo apenas da instalação dos computadores nas unidades de saúde”, avisou.
Ainda sobre a marcação de exames, o secretário disse que hoje são atendidos diariamente cerca de 200 pacientes no CDM. “O número de procedimentos que nós ofertamos é muito alto. Sabemos que não é suficiente, mas isso não é um problema único e exclusivo de Itapetinga. Isso é um problema nacional”, avaliou o secretário. Ele também chamou a atenção para o crescimento no número de pessoas que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) e possível migração de pacientes de planos privados para o SUS, o que está sobrecarregando o Sistema.
Hugo Sousa reconheceu que a Secretaria Municipal de Saúde, com mais de 700 funcionários, sofre com dificuldades financeiras em relação ao pagamento da folha, mas garantiu que nunca deixou um funcionário com mais de três dias de atraso. “A gente está com o nosso salário em dia; a gente está com todos os funcionários recebendo. A gente tem contratados recebendo normalmente os seus salários e, principalmente, os funcionários efetivos também com os seus salários hoje na conta”, afirmou. Conforme o secretário, a primeira parcela do décimo terceiro já foi paga e a segunda parcela está sendo processada nesta semana.
Para Hugo, a Secretaria de Saúde tem muito a melhorar, mas já está muitos anos à frente do que ela era.
Fundação José Silveira
Gerente de Qualidade e Segurança da Fundação José Silveira, a enfermeira Eduarda Carvalho falou sobre a ocorrência do óbito de uma recém-nascida. Ela contou que o Hospital recebeu a gestante na sexta-feira (3). Tratava-se de uma gestante de alto risco do ponto de vista técnico, pois a paciente é obesa, hipertensa e estava em uma condição de pré-eclâmpsia.
“Não temos uma unidade de cuidados intensivos neonatais hoje no Hospital Cristo Redentor. Então, obviamente, essa paciente foi acolhida, ela foi admitida e inserida na tela de regulação”, relatou.
De acordo com a enfermeira, toda assistência foi prestada à gestante e o prontuário pode comprovar que, de fato, era uma gestante de alto risco. Disse, ainda, que na sexta-feira foi feita uma nova solicitação e uma terceira solicitação no sábado (4). E assim prosseguiu durante todo o final de semana.
Segundo Eduarda, na segunda-feira (6), eles perceberam que não conseguiriam regular a paciente, apesar de alto risco, e realizaram o parto na unidade.
A representante da Fundação José Silveira destacou que a criança nasceu com vida, foi assistida, estabilizada e passou de segunda (6) até terça-feira (7) na tela de regulação. “Imediatamente, no momento do parto, após estabilização do paciente, a gente solicitou a regulação também do recém-nascido”, contou.
Entretanto, a regulação não ocorreu e a bebê evoluiu a óbito na terça-feira (7) em função da necessidade de cuidados intensivos avançados. “Nós não temos um suporte avançado para o perfil neonatal, que é o perfil do recém-nascido, e, por esse motivo, a gente não teve condição de garantir a estabilização clínica, seguindo os protocolos adequados, até porque a gente não tem a estrutura necessária”, explicou.
De acordo com dados apresentados por Eduarda Carvalho, em 2021, 60 recém-nascidos foram regulados do Hospital Cristo Redentor para a rede referenciada por causa da ausência da UTI Neonatal.
Responsável pela gerência médica da Fundação José Silveira, Mário Henrique salientou que a mensagem que precisa ficar gravada é que o município de Itapetinga necessita de uma UTI Neonatal. “Essa situação desses dois pacientes envolve o cuidado crítico do binômio materno-fetal. Esses pacientes são estritamente difíceis de serem conduzidos, mesmo em condições ideais”, justificou. Ele declarou que confia plenamente na atuação médica dos colegas.
“Não existe uma maternidade que se posicione de maneira segura, com qualidade, com segurança, com efetividade para assistência de sua população, caso ela não consiga garantir ou, pelo menos, caso ela não consiga ofertar o melhor recurso para que um paciente como esses que nós estamos discutindo agora, com esse perfil, ele seja assistido”, ponderou.
A palavra foi franqueada aos vereadores, que tiveram a oportunidade de fazer questionamentos aos participantes da mesa.
A sessão foi transmitida ao vivo pelo canal TV Câmara Itapetinga no YouTube e Fascinação AM. O vídeo está disponível no canal oficial da Câmara no YouTube para acesso e compartilhamento.
ACOM/Câmara