Em Santa Catarina, professora é demitida por postar crítica a Bolsonaro

Um tuíte publicado em um perfil pessoal, fora do horário de trabalho e sem qualquer infração à lei, levou uma professora universitária à demissão em Joinville (SC), na última terça-feira (18). 

Docente dos cursos de comunicação da Faculdade Ielusc, a antropóloga Maria Elisa Máximo foi desligada da instituição em razão de uma crítica ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Sindicatos veem cerceamento à liberdade de expressão, cláusula pétrea da Constituição e pressão econômica com motivação política, de acordo com o Uol. 

Bolsonaro esteve em Joinville em 1º de outubro. A cidade mais populosa de Santa Catarina foi palco de uma motociata, um dos últimos atos da campanha antes do 1º turno. Elisa passou de carro pela concentração da manifestação e, de volta à casa, escreveu no Twitter: “Joinville sendo o esgoto do bolsonarismo, pra onde escoaram os resíduos finais da campanha do imbroxável inominável. Não tem quem escape: há gente brega, feia e fascista pra todos os lados”.

“O texto criticava a estética do bolsonarismo. Como Joinville estava nos trending topics [assuntos mais comentados], minha publicação viralizou”, afirma a professora.

Os ataques vieram rápido — e numerosos. Assustada com a repercussão, Elisa apagou a publicação, mas o print do texto continuou circulando no Twitter e em outras redes sociais. Em seguida apareceram os primeiros pedidos de demissão. 

“Chegaram a fazer uma montagem associando minha foto à minha atuação profissional. Meu perfil é privado e não tem nenhum tipo de associação com a Ielusc”, disse.

As críticas, que mencionavam “a professora que dá aula para as crianças de Joinville” — Elisa leciona no ensino superior — se transformaram em pressão de pais de alunos sobre a direção da faculdade, que acabou cedendo.

“Me afastei em licença médica por 15 dias. No retorno, no dia 18, fui demitida. Não houve explicação, estava pressuposto de que eu já sabia o motivo”, conta. 

“Pode-se discutir a postagem do ponto de vista moral, o que não está certo é misturar a minha trajetória como professora. Essa associação vil mostra que vivemos tempos de muito obscurantismo, tempos perigosos para quem trabalha com educação”, apontou. 

Em um comunicado, a Ielusc diz que “o que posicionamento institucional é de neutralidade política” e que “a opinião expressa pela professora da Faculdade, em uma rede social pessoal (privada), em nenhum aspecto nos representa”. 

Fonte: BN

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