Líbia recupera mil corpos em cidade inundada após tempestades; 10 mil estão desaparecidos
Mil corpos foram recuperados na cidade de Derna, no leste da Líbia, após uma tempestade atingir o país no domingo (10).
“O número de corpos recuperados em Derna é superior a mil. Não estou exagerando quando digo que 25% da cidade desapareceu. Muitos, muitos edifícios desabaram (…) Os corpos estão por toda parte – na água, nos vales, sob os edifícios”, disse Hichem Chkiouat, ministro da Aviação Civil e também integrante do Comitê de Emergência criado após as enchentes.
O ministro disse que o número de mortos pode passar de 2,5 mil à medida que o número de desaparecidos aumenta.
Um representante do Crescente Vermelho, equivalente à Cruz Vermelha nos países de maioria islâmica, afirmou que cerca de 10 mil pessoas estão desaparecidas.
Foto mostra estrada desmoronada após enchente na Líbia em 11 de setembro de 2023 — Foto: Governo da Líbia via Associated Press
A cidade de Derna fica na costa da Líbia e é cortada ao meio por um rio que flui das terras altas para o sul. Há barragens que impedem a ocorrência de inundações.
Derna tem cerca de 125 mil habitantes. Devido à tempestade, as ruas foram tomadas pela água, casas foram inundadas, edifícios foram destruídos, carros acabaram virados e moradores foram arrastados. A força da água também destruiu barragens na região.
A tempestade mediterrânea Daniel que atingiu a Líbia no domingo (10) também afetou as cidades de Benghazi, Sousse, Al Bayda e Al-Marj.
Mapa mostra a cidade de Derna, atingida por tempestade na Líbia — Foto: g1
Equipe da Crescente Vermelha trabalha em meio a inundação após tempestade na cidade de Al Bayda, na Líbia, no dia 11 de setembro de 2023 — Foto: Crescente Vermelha/AFP
A tempestade perdeu força após a passagem pela Líbia. Agora, chegou ao Egito, preocupando as autoridades e colocando o país em alerta.
Regime parlamentarista da Líbia
A Líbia vive um regime parlamentarista instituído na cidade de Tripoli, capital do país, sob a chancela de Abdulhamid al-Dbeibah. O governo é consequência de uma revolta popular mobilizada em 2011 com apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) contra o então líder Muammar Gaddafi.
Isso porque, em 2014, o país se dividiu em duas frentes: uma alinhada à Otan, que é reconhecida internacionalmente, e outra liderada por Osama Hamad, que controla o leste do país.
Em 2021, al-Dbeibah foi escolhido primeiro-ministro com a promessa de realizar novas eleições para todo o país. No entanto, o pleito segue sem data definida por causa de desentendimentos entre os grupos acerca das regras da eleição.
Fonte: G1 Globo