Mais da metade dos municípios da Bahia sofrem com a seca prolongada
A seca que atinge a Bahia nos últimos seis anos levou mais de 210 municípios a decretarem situação de emergência no estado. A falta de chuva está reduzindo a produção agrícola, deixando a população com sede e matando os animais. Há cinco anos a Bahia registra chuvas abaixo da média e, segundo os especialistas, não há previsão de quando a situação vai melhorar. Segundo o superintendente de Proteção e Defesa Civil da Bahia, Paulo Sérgio Luz, o estado já homologou o decreto de situação de emergência de 101 municípios.
A seca se intensificou entre os anos de 2011 e 2012 e o problema está se agravando por conta da estiagem prolongada. “Na próxima semana vamos publicar um decreto com mais 113 municípios que estão em situação de emergência por conta da seca. O problema ganhou notoriedade nos jornais em 2012, mas, desde então, só tem piorado. A falta de chuva reduziu a produção agrícola em mais de 80% e afetou a atividade pecuária de bovinos, ovinos e caprinos. É grave”, afirmou. A região do semiárido é a mais afetada. De acordo com a meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Cláudia Valéria, essa região do estado tem um ciclo de chuvas diferente da região litorânea. “Enquanto em Salvador o período de chuva é entre abril e junho, por exemplo, nessa região é o contrário: esse é o período de seca. As chuvas acontecem entre novembro e março, ou até a primeira quinzena de abril, mas o que temos notado nos últimos cinco anos é que elas estão acontecendo sempre abaixo da média”, afirmou. Cláudia Valéria explicou que em 2016 a seca na Bahia foi intensificada por alterações na temperatura provocadas por um fenômeno climático chamado de El Niño. Ele provoca o aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical e altera o clima das regiões temperadas.
A meteorologista informou que a influência do El Niño passou, mas os primeiros meses de 2017 ainda registraram chuvas inferiores ao esperado. “Janeiro, fevereiro e março tiveram chuvas abaixo da média”, afirmou. A seca prolongada e a baixa estiagem provocaram danos em muitos municípios. Segundo o superintende de Defesa Civil, se não chover nos próximos 30 dias cerca de 80 cidades baianas correm o risco de ficarem sem água até para beber. “A estiagem coincidiu com o aumento na temperatura do planeta, o que vem acontecendo nos últimos dez anos. Está mais quente, então, as pessoas, as plantas e os animais consomem mais água. É normal que algumas cidades decretem situação de emergência durante os seis meses de estiagem, mas muitas delas já estão em emergência no período que ainda deveria ser de chuva”, afirmou.