Barragem do Rio Catolé: população de Itapetinga não está satisfeita com o projeto apresentado pela Embasa
A Câmara Municipal de Itapetinga realizou nessa terça-feira (25) uma audiência pública sobre a Barragem do Rio Catolé com a participação da Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa). Autoridades locais e regionais, representantes de órgãos públicos e entidades declasse participaram do evento, que teve como objetivo esclarecer as principais dúvidas da população sobre os possíveis impactos da obra para os municípios do médio sudoeste baiano que fazem parte da Bacia.
Na abertura do evento, o vice-presidente da Casa, vereador Márcio Piu (PSC), salientou a importância do Rio Catolé para os municípios de Itapetinga, Itambé, Caatiba e Nova Canaã. Ele explicou ainda que a iniciativa da Mesa Diretora da Casa buscou principalmente possibilitar a ampla participação popular no debate sobre esse assunto que é de grande importância para a região.
Entre as autoridades presentes estavam o prefeito Rodrigo Hagge (PMDB), o vice-prefeito Renan Pereira (DEM), secretários municipais, vereadores, além do prefeito de Itambé, Eduardo Gama, e do presidente da Câmara Municipal de Caatiba, Ronaldo Souza.
Composta por engenheiro, assistente social, biólogo e representante da empresa desenvolvedora do projeto da Barragem, a equipe de técnicos enviada pela Embasa apresentou as etapas do empreendimento que ficará localizado no município de Barra do Choça.
O engenheiro Gilberto Simões, representante da empresa Geotechnique, detalhou como foi feita a concepção do projeto básico e esclareceu que a finalidade da obra é garantir a sustentabilidade hídrica do abastecimento do Sistema Integrado de Vitória da Conquista/Belo Campo. Ele informou que o investimento para a construção será de R$ 180.476.073,35, envolvendo ações de sustentação que compreendem projeto de trabalho social, serviços ambientais, arqueológicos, regularização fundiária e gerenciamento.
O biólogo Tiago Chinelli pontuou os planos e programas ambientais que envolvem desmatamento e limpeza da bacia hidráulica, resgate de fauna e flora, recuperação de áreas degradadas, projeto de reabilitação da mata ciliar do Rio Catolé, monitoramento e resgate arqueológicos, programa de monitoramento da qualidade da água e dos sedimentos, programa de monitoramento e manejo de organismos aquáticos. Segundo ele, o investimento nessas ações de sustentação será de R$6.193.758,55. Tiago apresentou ainda carta de autorização do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), mostrando que, conforme Decreto Estadual Nº 14.389, a obra está isenta de licenciamento ambiental por se tratar de município em situação de emergência em razão dos efeitos da seca.
O projeto de trabalho social foi apresentado pela assistente social Fernanda Velame. “A participação da comunidade durante todos os momentos de implantação do projeto é fundamental para que ele possa ter êxito”, declarou.
Após a apresentação da Embasa, as diferentes lideranças políticas fizeram seus questionamentos aos técnicos a respeito dos impactos da obra para os municípios que estão localizados após a Barragem. A população e entidades representativas também tiveram a oportunidade de se manifestar e fazer perguntas direcionadas aos membros da mesa de debates. Em sua maioria, os participantes não ficaram convencidos com as explicações da Empresa e se posicionaram contra o projeto por acreditar que ele privilegiou Vitória da Conquista e não considerou os prováveis prejuízos para Itapetinga e região.
A professora da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Nelma Gusmão, por exemplo, disse que fica cada vez mais assustada quando participa de uma nova audiência sobre a Barragem do Catolé. Ela criticou, entre outras coisas, a isenção de licenciamento ambiental para o empreendimento e considerou “raso” o estudo apresentado pela Embasa. “O plano de recuperação ambiental se restringe à área da barragem”, afirmou. A acadêmica avaliou que a obra não contribuirá para a regularização da vazão do Catolé nos municípios ajuzantes.
Após as discussões, o prefeito Rodrigo Hagge assegurou que articulará ações com o intuito de unir esforços e quem sabe conseguir, através de ação judicial, interferir no andamento desse processo licitatório. No mês passado, a Embasa anunciou que a licitação das obras da Barragem havia sido suspensa.
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