Sem provas contra Lula, PGR desiste de novo acordo de delação com a Andrade Gutierrez
A Procuradoria-Geral da República (PGR) desistiu de um novo acordo de delação premiada da Andrade Gutierrez, considerado complementação da delação anterior. A desistência ocorreu depois que a empresa afirmou que não há relatos de crime envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou empresas de telecomunicões. De acordo com a Folha, a força-tarefa em Curitiba e em Brasília avalia que sem os dois temas, acomplementação da delação traria poucas novidades. Os procuradores tinham interesse em três casos envolvendo as teles, porque a Andrade Gutierrez é uma das sócias da Oi e controlava a Telemar. O primeiro deles é o investimento de R$ 5 milhões pela Telemar na Gamecorp, empresa do filho mais velho de Lula, Fábio Luis Lula da Silva, feito em 2005. O segundo, a compra da Brasil Telecom em2008 pela Telemar, negócio no qual o Banco do Brasil e o BNDES entraram com R$ 6,8 bilhões. Por último, a história narrada pelo publicitário Marcos Valério, de que a Portugal Telecom pagou propina de 2 milhões de euros ao PT. A Andrade Gutierrez negou que tenha havido crime nesses três episódios. Ainda segundo a Folha, também há temor do grupo empresarial de que revelações sobre a Oi pudessem levar a empresa à bancarrota – a tele está em recuperação judicial, com dívidas de mais de R$ 64 bilhões. AAndrade Gutierrez fechou acordo de delação premiada em 2015, pagou multa de R$ 1 bilhão, mas foram detectadas omissões pelos procuradores. Entre elas o pagamento de suborno ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) por causa da obra da Cidade Administrativa, quando ele ainda era governador de Minas Gerais. Também faltam informações sobre suborno em obras do Rodoanel e do metrô de São Paulo. Em nota, a empreiteira disse que segue colaborando com as investigações em curso e que tem compromisso público de esclarecer e corrigir todos os fatos irregulares ocorridos no passado.