A um ano das eleições, Lula e Bolsonaro lideram pesquisas, e 3ª via não empolga

A um ano das eleições de 2022 (o primeiro turno está previsto para 2 de outubro), o cenário político do país está hoje marcado pela polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para quem não se alinha com qualquer um dos dois, a estratégia consiste em fazer embalar uma candidatura autointitulada de terceira via. No entanto, nomes alternativos que façam sombra a Bolsonaro e Lula sofrem para conseguir decolar.

O temor de um potencial retorno de Lula ao Palácio do Planalto e a irritação de parte do eleitorado bolsonarista com o mandato do presidente são a esperança de nomes que tentam se viabilizar como alternativas à dupla. Hoje, de acordo com os levantamentos de intenção de voto, porém, nenhum tem se mostrado capaz de entusiasmar os “nem-nem” (nem Lula, nem Bolsonaro).

Desempenho

Segundo levantamento feito pelo Ipespe, o postulante alternativo a Lula e Bolsonaro com melhor desempenho nas pesquisas eleitorais é o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT). Sozinho, o pedetista concentra 11% das intenções de voto, seguido pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e pelo ex-ministro da Saúde de Bolsonaro Luiz Henrique Mandetta (DEM), com 5% e 4% do eleitorado, respectivamente. Os números consideram o desempenho dos presidenciáveis no primeiro turno.

Nem a vantagem de Ciro frente aos demais candidatos à terceira via o credencia, neste momento, como alternativa capaz de vencer Lula ou Bolsonaro. O petista alcança, segundo as pesquisas, 43% das intenções de voto, enquanto o atual presidente tem 28% do eleitorado a seu favor.

Assim, a mudança na polarização ainda não é cenário factível, conforme avalia o cientista político Pedro Abelin: “Não existe uma terceira via com base social capaz de ameaçar esse turno entre Bolsonaro e Lula. Toda hora surge algum nome, mas a verdade é que parece muito mais uma torcida do que uma análise crível da situação”, explica.

Estratégia

Com a indefinição de nome consolidado para a terceira via, o mandatário da República tenta aproveitar essa lacuna para conquistar antigos apoiadores. “Quando todos perceberem que a terceira via não existe de fato, Bolsonaro vai trabalhar para conquistar essa parte do eleitorado e capturar essa ideia do nome alternativo. Em grande parte de quem conclama essa terceira via, muitas dessas forças estiveram com Bolsonaro esse tempo inteiro e devem seguir o mesmo caminho no próximo ano. Hoje, essa tal terceira via, ainda assim, prefere Bolsonaro a Lula”, acredita.

O estrategista político Paulo Loiola crê que Bolsonaro tem chances de reverter a desvantagem em relação a Lula em eventual segundo turno. “O fato de Bolsonaro ter toda a máquina a seu dispor permite que ele tenha uma certa margem, mas vai depender muito da situação econômica e, principalmente, de como a narrativa bolsonarista sobre a situação econômica vai ser conduzida”, defende.

“Bolsonaro é muito hábil nesse processo de condução da narrativa. Ele tira notícias ruins da responsabilidade dele. A base consolidada dele tem toda uma tendência a ser mantida, e, com a melhoria da questão econômica, isso pode de fato virar a favor dele”, prosseguiu.

Para o especialista em marketing eleitoral Victor Trujillo, a Lula caberá reverter a rejeição popular ao PT. “O Lula ajudou a eleger o Bolsonaro. Para o Lula, ter um Bolsonaro que fenece é melhor do que não ter Bolsonaro na disputa. O discurso dele não precisa desconstruir este Bolsonaro que se apresentou até aqui. Ele terá que cuidar dos problemas dele e da rejeição ao PT.”

Cabo de guerra

Há otimismo entre os aliados da atual gestão pela recuperação da popularidade de Bolsonaro. O líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), aposta na retomada das atividades econômicas, em razão do avanço da vacinação do país como fator determinante para o crescimento do presidente nas pesquisas.

“As pesquisas refletem o momento, mas todas asseguram o presidente no segundo turno. Com a vacinação geral, teremos Natal, praia, Carnaval e futebol, acontecimentos que aquecem a economia e que asseguram a perspectiva de renda para os informais. O presidente Bolsonaro abrirá o período de convenções partidárias liderando a pesquisa”, promete o deputado federal.

O líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), por sua vez, crê que o atual presidente não conseguirá se reeleger. “Levando em consideração o desastre que tem sido a gestão de Bolsonaro e a contínua queda de sua aprovação e popularidade, acho pouco provável que ele seja reeleito no ano que vem. Bolsonaro será derrotado e terá que responder perante a Justiça por todos os crimes que cometeu enquanto esteve na Presidência da República”, enfatizou o parlamentar.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, acredita que ainda há tempo para a formação de um novo nome. “Ainda é cedo. Tem espaço para surgirem nomes daqui até 2022. Eleição muda as coisas muito rapidamente. O que precisamos ter em mente é a necessidade de unificar o país”, ressaltou. (Metropoles)

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