Aluno de 12 anos sofre ofensas racistas em colégio particular em Lauro de Freitas
No mês da Consciência Negra, um caso de racismo dentro de um colégio particular, em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador, veio à tona. Um garoto, de identidade preservada, que tem apenas 12 anos, vem sofrendo ofensas racistas desde o início deste ano letivo.
Infelizmente, com o tempo, as coisas só pioraram. Segundo a tia do menino, em contato com o BNews, as ofensas racistas eram feitas através de apelidos bastante pesados, e chegou a virar música dentro do colégio, só pelo fato da vítima ter a pele preta.
A família ficou sabendo do caso através da pedagoga do garoto, que é professora dele no reforço escolar. Até então, a vítima não havia se pronunciado sobre o caso, passando por toda situação em silêncio.
Ela disse que ele chegou muito triste e que por causa dos apelidos que os meninos estavam colocando nele, é apelidos esses de cunho racista como Oreo, Sombra 3D, favorito dos policiais, fizeram a música Macaco Queimado, Macaco, dentre outros apelidos desse tipo. Aí, na realidade, durante o ano todo ele já vem sofrendo com isso, mas ele estava calado”, conta a tia do garoto, que prefere não se identificar.
Após ficar sabendo do caso envolvendo o sobrinho, a tia prontamente avisou para mãe da vítima, e ambas procuraram a direção do Colégio Pirâmide. Contudo, segundo as responsáveis pelo menino, os representantes do colégio não deram importância ao caso.
Eu percebi que a todo momento o colégio estava querendo tirar a culpa dos meninos e colocar na vítima, ela queria deixar a situação como estava, na realidade. Porque também para eles talvez fosse mais confortável. Eles sempre falavam que estava tomando as providências, nós cobramos priorizar”, explica a tia da vítima.
Mãe reforça as denúncias de racismo
A mãe do garoto, que também não quer se identificar, contou ao BNews que está decepcionada com a forma que o Colégio Pirâmide vem lidando com o caso. Segundo ela, o menino está com problemas psicológicos devido as ofensas racistas, inclusive, passando a ficar mais introvertido.
Meu filho tá bem abalado com tudo que aconteceu. Mexeu muito com o psicológico dele, afetou a questão das notas, o rendimento. E assim mexeu muito com a autoestima dele. Para ele ainda ficou pior porque eu tive de tomar uma atitude a fim de proteger a integridade emocional dele. O psicológico dele não está muito bom. E ele teve que se afastar de quatro amiguinhos que ele considera, na escola. E não pôde, assim, terminar o ano letivo com eles”, revela a mãe.
Ela completa, demonstrando revolta com o Colégio.
Eu não tive um retorno da instituição com relação a esse problema grave. Então, meu sentimento mesmo é de decepção, de saber que a questão do racismo em pleno século XXI ainda é muito forte. Existe um descaso como se fosse um apelido qualquer de criança, de zoação de criança, e não é. […] Meu sentimento é de decepção. Agora vou cuidar do meu filho e espero em Deus que ele esqueça, a criança esquece. E a gente está tomando as medidas cabíveis para que outras pessoas não passem, e que a instituição passe a adotar outras posturas com relação a problemas sérios como esse”, finaliza a mãe da vítima.
O Boletim de Ocorrência deste caso já foi registrado na Polícia Civil, através da 23ª Delegacia Territorial, em Lauro de Freitas. O BNews procurou a direção do Colégio Pirâmide, mas até o momento da publicação desta matéria não obteve retorno. (BNews)