BDM gasta cerca de R$ 3 milhões em armas para distribuir em Cruz das Almas e Itaparica, diz jornal

Com o afastamento do Primeiro Comando da Capital (PCC), seu principal fornecedor de armamentos, a facção Bonde do Maluco (BDM) passou a buscar outras rotas para se reabastecer. Segundo investigações da Polícia Civil do Distrito Federal, o grupo criminoso gastou, só em 2024, cerca de R$ 3 milhões para transportar arsenais do DF até a Bahia.
Cerca de 300 armas, entre revólveres, pistolas e carabinas, foram desviadas de uma loja em Ceilândia e enviadas a Cruz das Almas e à Ilha de Itaparica, áreas estratégicas onde o Comando Vermelho (CV) tenta expandir sua atuação no estado.
“Identificamos pelo menos três viagens feitas entre o DF e a Bahia, com carregamentos levados por comboios. Um veículo fazia o papel de batedor para evitar apreensões “, explicou o delegado Tiago Carvalho, da Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Corpatri).
Segundo ele, duas remessas chegaram aos destinos baianos entre março e abril do ano passado. A segunda coincidiu com um vídeo divulgado por criminosos do CV na Ilha de Itaparica, em que fortemente armados, anunciaram domínio sobre o território, antes sob controle do BDM.
A terceira remessa foi interceptada em 29 de agosto, na Operação Illusion. Na ocasião, duas pessoas foram presas, uma no DF e outra em Sapeaçu, na Bahia, e parte do armamento foi apreendida. Um dos detidos era funcionário da loja Delta Guns, em Ceilândia, e foi responsável por transportar 100 armas. O outro intermediava as vendas ao BDM.
O arsenal apreendido foi registrado como “furtado” em junho de 2024, quando o dono da loja, Tiago Henrique Nunes de Lima, comunicou à polícia que ladrões haviam invadido o estabelecimento por um buraco na parede. No entanto, a versão começou a ruir após depoimentos contraditórios dos envolvidos.
Uma mulher que alugou o imóvel ao lado da loja com nome falso disse ter sido recrutada por um comerciante da Cidade Satélite, que também acabou preso. Ele revelou ter sido contratado por um criminoso de alta periculosidade. As investigações levaram até Thiago Braga Martins, suposto mentor da operação, que cumpre pena no Tocantins. Ele afirmou que o cofre estava vazio, o que levantou suspeitas.
A polícia então voltou a investigar o dono da loja. Na casa dele, agentes encontraram caixas vazias de armas com lotes que coincidiam com as armas apreendidas em Sapeaçu.