Comissão Estadual da Verdade propõe reestruturar educação em escolas públicas e militares
O primeiro relatório da Comissão Estadual da Verdade, entregue na manhã desta segunda-feira (29) ao governador Jaques Wagner, propôs a reestruturação da grade curricular em escolas públicas da rede estadual e também nas instituições de ensino militares como já adiantado pelo Bahia Notícias. De acordo com Carlos Navarro, responsável pela entrega do documento, é importante que a história seja conhecida por todos e que este primeiro relatório é um passo relevante para o reconhecimento da verdade histórica. “Um projeto político não pode conviver com a falta da verdade”, ressaltou Wagner, em clima de despedida e com reiteradas referências ao Ministério da Defesa, onde fica a partir de janeiro. Entre os dados produzidos pela Comissão Estadual da Verdade, Navarro destacou a informação de que, já em 1964, houve tortura produzida pelo regime militar, em Feira de Santana. Foram cerca de 70 depoimentos utilizados na produção desse primeiro relatório, que propõe, na mesma linha da Comissão Nacional da Verdade, a revisão da Lei de Anistia, para ter acesso aos dados militares e ainda as punições aos torturadores, citando o caso de um padre polonês, radicado em Feira de Santana e torturador da ditadura, utilizando prensa de fumo na ação. O grupo pediu ainda a proposição de um projeto de lei para criar uma política estadual de prevenção à tortura, demanda que será transmitida ao governador Rui Costa. “Essa página, com todas as dores, não tem retorno. No próximo ano teremos a comemoração dos 30 anos de democracia ininterrupta. A verdade histórica tem que ser reconhecida”, defendeu o futuro ministro da Defesa, saudado por essa função e que prometeu auxiliar nas atividades das comissões da verdade. (BN)