O CPI subiu 0,1% em março, abaixo da mediana de Projeções Broadcast (0,2%). Na comparação anual, houve desaceleração de 6% em fevereiro para 5% no mês passado, resultado inferior às expectativas (5,2%). Já o núcleo do índice – que exclui preços de alimentos e energia – avançou 0,4% em março, em linha com o esperado, e 5,6% na comparação anual.
Na ata de seu encontro de março, divulgada à tarde, o Federal Reserve prevê que os EUA passem por uma “leve recessão”, que deve se iniciar no fim deste ano, em parte por conta de aperto nas condições financeiras com a crise nos bancos médios americanos. O documento não mudou a aposta majoritária de que haverá pelo menos mais uma alta de 25 pontos-base na taxa de juros e um ciclo de cortes no segundo semestre.
Para o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira, a mudança de perspectiva de taxa de juros nos EUA no fim do ano e a valorização dos preços das commodities são os principais propulsores da onda recente de queda expressiva do dólar no mercado doméstico de câmbio.
“O grande fator para a queda do dólar é certamente a mudança da perspectiva para a política monetária americana. A projeção para os FedFunds no fim do na caiu recentemente de 5,60% para 4,38%. Isso teve grande impacto no valor do dólar frente a divisas emergentes”, afirma Oliveira, acrescentando que a redução de ruídos políticos internos contribui para a apreciação do real. “Lula fez defesa de Haddad e o secretário do Tesouro Rogério Ceron disse que aceitou sugestões do mercado para melhorar o arcabouço fiscal”.
Oliveira vê possibilidade de continuidade da apreciação da moeda brasileira dados os fundamentos macroeconômicos e o fato de a taxa real de câmbio (que leva em conta diferencial de inflação interna e externa) ainda estar em níveis depreciados. “E temos ainda entrada de portfólio para renda fixa, com o juro alto, e para equity (ações). Faz sentido para gestores de recursos no exterior aumentarem o peso do Brasil em suas carteiras”, diz o economista-chefe do Pine, para quem, após uma provável queda adicional no curto prazo, o dólar deve encerrar o ano na casa de R$ 5,00, em razão de cortes da taxa Selic.
Bolsa
Em boa parte da sessão, o Ibovespa parecia que reconquistaria a linha dos 107 mil pontos nesta quarta-feira, nível não visto em fechamento desde 23 de fevereiro, e no melhor momento, à tarde, chegou a tocar os 108 mil na máxima, também o maior patamar intradia desde 23/2. Após salto de mais de 4% na sessão anterior, quando havia registrado o maior ganho diário desde o começo de outubro, a referência da B3 subiu hoje 0,64%, aos 106.889,71 pontos, entre mínima de 106.216,58 e máxima de 108.277,02, saindo de abertura aos 106.217,90 pontos.
Na semana, o índice avança 6,02% e no mês, 4,91%, reduzindo a perda do ano a 2,59%. O giro foi a R$ 59,8 bilhões na sessão, reforçado pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa, em recuperação de volume que havia se esboçado ainda ontem, quando retomou a casa dos R$ 30 bilhões.
Desde o exterior, a inflação ao consumidor nos Estados Unidos, abaixo do esperado para março, deu suporte ao apetite por ativos de risco, sustentando hoje novo dia de realinhamento de preços na B3, que ontem tinha experimentado o entusiasmo em torno da leitura sobre o IPCA de março, com o acumulado em 12 meses abaixo do teto da meta, algo que não era visto havia alguns anos.
“A desaceleração da inflação ao consumidor nos Estados Unidos, praticamente em linha com o esperado, de 6% ao ano em fevereiro para 5% ao ano em março, foi bem importante para os movimentos do mercado pela manhã, com os juros das Treasuries de 10 anos retirando prêmio”, diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, observando que a inflação ao consumidor nos EUA chegou a atingir 9,1% ao ano em junho passado.