Relação com Campos Neto
Lula afirmou que não tem interesse em brigar com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O petista, no entanto, disse que pretende levar Campos Neto para ver os “lugares mais miseráveis do País”
“Ele (Campos Neto) tem que saber que, neste País, a gente tem que governar para as pessoas que mais necessitam”, declarou. Lula tem feito desde o início do ano críticas ao BC pela manutenção da taxa básica de juros em 13,75% ao ano. Como presidente da República, não me interessa brigar com um cidadão que é presidente do Banco Central, que eu pouco conheço, eu vi ele uma vez.”
Em seguida, Lula declarou que pretende reavaliar a autonomia do Banco Central ao final do mandato de Campos Neto. “O que eu quero saber é o resultado (de um BC autônomo), o resultado vai ser melhor? Um Banco Central autônomo vai ser melhor? Vai melhorar a economia? Ótimo, mas se não melhorar, nós temos que mudar.”
Salário Mínimo
O presidente também confirmou que salário mínimo será reajustado novamente neste ano, dos atuais R$ 1.302 para R$ 1.320, a partir de 1º de maio. O petista afirmou ainda que o governo irá retomar em maio a política de reajustes do salário mínimo pela inflação mais o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
“Já combinamos com movimentos sindicais, com Ministério do Trabalho, com o ministro Haddad [da Fazenda] que vamos, em maio, reajustar para R$ 1.320 o valor do salário mínimo e estabelecer uma nova regra para o piso, levando em conta, além da reposição da inflação, o crescimento do PIB”, afirmou Lula. “Porque é a forma mais justa de distribuir o crescimento da economia.”
Isenção do IR
O presidente confirmou que irá elevar a faixa de isenção do Imposto de Renda para dois salários mínimos, equivalente a R$ 2.640. Atualmente a faixa de isenção do IR considera remuneração de até R$ 1.903,98 mensais.
“Vamos começar a isentar em R$ 2.640 até chegar em R$ 5 mil de isenção. Tem que chegar, porque foi compromisso meu e vou fazer.”
Dilma
Lula revelou que recusou em um primeiro momento o convite da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) para ocupar a chefia da Casa Civil, em 2016. Na avaliação do presidente “não era possível ter dois presidente dentro do Palácio do Planalto”.
“Acho que o governo tinha entrado em uma situação tão delicada que era impossível voltar, e eu dizia pra Dilma naquela época que não era possível ter dois presidentes dentro do Palácio do Planalto, aquilo foi feito para um presidente e não para dois. E foi por isso que eu tinha recusado veementemente a não participar do governo, sobretudo na casa civil. Porque eu acho que a gente iria se atrapalhar. Eu dizia para Dilma eu fico imaginando como é que você vai me dar uma bronca sentada na mesa, você presidenta e eu ministro, então não vai dar certo.”
Na sequência, Lula contou que só aceitou o cargo depois da insistência de Dilma e de uma conversa com o ex-ministro Nelson Barbosa.
“Quando eu fui para o aeroporto, ela mandou o papel para eu assinar. Isso foi gravado, foi um crime a gravação, a publicação foi mais um crime, mas isso já passou também, isso faz parte da história. Os historiadores vão escrever muita coisa a respeito disso”, declarou.
Operação Lava Jato
Sobre a Operação Lava Jato, Lula disse que cabe à “justiça divina” julgar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que condenaram ele no passado. À época, diversos ministros da Corte defenderam a operação que condenou Lula.
O presidente aproveitou para criticar a Lava Jato. Para Lula, “um cidadão e uma tal de força-tarefa [Lava Jato]” conseguiram “enganar a imprensa, enganar o Poder Judiciário e enganar a sociedade brasileira.