Ex-cônsul da França na Bahia denuncia caso de racismo: “Protegido pela cor”

O ex-cônsul honorário da França na Bahia, Mamadou Gaye, fez uma denúncia pública de racismo nesta segunda-feira (30). Gaye, que representou o país europeu no estado entre 2019 e 2024, afirmou ter sido alvo de ofensas por parte de Fabien Liquori, um conterrâneo seu, após desentendimentos relacionados a atendimentos no consulado.

Em mensagens enviadas por e-mail, Fabien chamou Mamadou de “tirano africano” e afirmou que ele deveria “voltar para o seu buraquinho em Paris”. As ofensas surgiram após o agressor não conseguir resolver questões fora da competência do consulado, o que gerou frustração. O ex-cônsul esclareceu que as agressões foram resultado de um acúmulo de insatisfações e não de um único incidente.

Mamadou relatou que tentou ajudar em demandas fora de sua função, mas sem sucesso, o que levou Fabien a questionar sua competência por questões raciais. “Eu avisei que aquilo era crime e pedi para parar, mas precisei acionar meu advogado”, contou.

As mensagens ofensivas não foram enviadas apenas a Mamadou, mas também ao Consulado Geral da França em Recife e à Academia de Letras da Bahia (ALB). A atitude gerou uma denúncia formal à polícia, realizada pela equipe da Fundação Pierre Verger. Na Justiça, Fabien foi condenado a pagar R$ 3 mil por danos morais, valor que Mamadou considerou insuficiente. A decisão foi mantida em segunda instância, mas o ex-cônsul acredita que a punição não foi adequada, considerando-a uma forma de violência.

“Ele fez as ofensas por escrito, sem medo, acreditando que sua cor de pele o protegeria”, declarou Mamadou. Agora, o ex-cônsul busca uma nova ação judicial, com a solicitação de R$ 40 mil em indenização e um pedido público de retratação. Ele ainda reforçou que, apesar dos valores, nada pode reparar o sofrimento causado pelas agressões.

Fonte: Voz da Bahia 

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.