A Câmara Municipal de Itapetinga realizou, nessa segunda-feira (6), uma audiência pública virtual sobre o panorama da Covid-19 na cidade. O evento foi transmitido ao vivo pela internet e Fascinação AM.

Participaram da audiência o secretário municipal de Saúde, Hugo Sousa; a médica infectologista Carolina Palmeira; o professor Carlos Bernard Moreno, representando a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb); o defensor público Gustavo Linhares; a coordenadora da Fundação José Silveira/Hospital Cristo Redentor, Ana Bárbara Matos; Amaral Júnior, representando a imprensa local; o estudante Matheus Santos e as professoras Simone Andrade e Andréa Gomes. Os três últimos foram inscritos, por e-mail, para fazer perguntas e comentários.

A médica Carolina Palmeira, de Vitória da Conquista, comentou sobre o panorama da Covid-19 e a letalidade da doença.  “O que eu tenho para dizer em relação a essa questão do panorama geral do comportamento do vírus é que ele vem se demonstrando muito de forma individual em cada situação, em cada cidade”, avaliou. A infectologista defendeu o isolamento social, uso de máscara, higienização das mãos como forma principal de prevenção contra o novo coronavírus.

O secretário Hugo Sousa disse que, desde o início da pandemia, o município vem adotando algumas medidas no enfrentamento à Covid-19, entre elas a higienização de ruas, a instalação de barreiras sanitárias, disponibilização de lavatórios nas áreas de grande fluxo de pessoas, adesão ao projeto Feira Segura e isolamento social.  “Hoje, mais uma vez, o que mais pedimos é que exista o isolamento social no nosso município”, afirmou.

O secretário falou sobre o aumento recente no número de casos confirmados em Itapetinga e atribuiu isso à testagem em massa de funcionários da empresa Tabocas e dos idosos do Lar Laura Carvalho, o que levou a Prefeitura a decretar o toque de recolher e o fechamento antecipado do comércio. As providências foram tomadas justamente para diminuir o contato entre as pessoas e a circulação nas ruas. “O isolamento até então é a nossa única arma”, lembrou. Hugo Sousa respondeu diversas perguntas de participantes da audiência.

Representando a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, o professor Carlos Bernard Moreno, que é biólogo, mestre e doutor em Genética e Biologia Molecular, fez uma apresentação acerca da participação da Universidade no enfrentamento da pandemia em Itapetinga. Ele é presidente do Conselho de Campus da Uesb, membro do Gabinete de Crise da Prefeitura e um dos colaboradores na produção dos boletins informativos intitulados “Uesb contra a Covid-19”. Carlos Bernard destacou, entre outras ações, a contribuição do grupo HUB para o amparo da população carente e geração de informação.

Ao analisar dados gerais e projeções, chamou a atenção para a gravidade da pandemia na região de Itapetinga. Analisou, por exemplo, a situação em comparação a outras cidades das regiões de saúde associadas ao município, salientando o quantitativo de casos por milhão de habitantes, quantitativo de mortes e taxa de letalidade. Ressaltou que as cidades do interior da Bahia começam a vivenciar os cenários mais desfavoráveis da pandemia, que é um crescimento exponencial do número de casos.

“A gente tem aqui dois cenários muito complicados para a cidade de Itapetinga e para a cidade de Vitória da Conquista, que são cenários que demonstram um crescimento muito acentuado no número de casos ativos da Covid-19 nas últimas semanas”, alertou.

Já o defensor público Gustavo Linhares explicou que a Defensoria Pública tem como uma de suas funções a promoção dos direitos humanos, e o direito humano fundamental é a vida. “Mas a vida ela tem diversas nuances, tem o aspecto da saúde, tem o aspecto social, tem o aspecto financeiro, e até quando o distanciamento social por si só vai ser apto a combater (o novo coronavírus)?”, questionou.

A coordenadora da Fundação José Silveira/Hospital Cristo Redentor, Ana Bárbara Matos, esclareceu que, conforme determinação da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), o HCR não é unidade de referência para tratamento da Covid-19, mas sim uma unidade secundária. “Então, nós recebemos esse paciente, prestamos o primeiro atendimento e, em seguida, se esse paciente necessitar, vai ser regulado para a unidade referência, que é em Vitória da Conquista”, informou.

Representando o HUB Itapetinga, a professora Simone Andrade disse que até o momento não se tem informações mais claras acerca de como será aplicado o plano de contingenciamento para que o último decreto da Prefeitura tenha realmente uma ação mais efetiva.

O estudante Matheus Santos, por sua vez, cobrou a intensificação das ações de fiscalização nos bairros periféricos, para garantir o cumprimento das medidas estabelecidas pelas autoridades.

“Nesse ínterim que cobramos e esperamos que os gestores e os legisladores cumpram o seu papel na defesa intransigente de proteção à vida como uma política pública de saúde pública, porque é assim que são pautadas as ações desses entes”, declarou a professora Andréa Gomes, que é coordenadora do laboratório da Uesb que realiza o projeto de extensão “Produção de Antissépticos para combate à Covid-19”. Para ela, já que não há tratamento eficaz e vacinas, a política pública deve ser tomada com base em novos casos ativos, ocupação de leitos e capacidade de monitoramento, além de um olhar para a região de saúde em uma perspectiva ampla e de múltiplas faces.

Além da presidenta Naara Duarte (PSC), participaram da audiência os vereadores Anderson da Nova (DEM), Fabiano Bahia (DEM), Gilmar Piritiba (PSD), Márcio Piu (PSC), Nailton Negreiro (Republicanos), Valdeir Chagas (PDt), Romildo Teixeira (PDT) e Sargento Alberto (PSC).

A audiência teve tradução em Libras (Língua Brasileira de Sinais) feita pelo tradutor/intérprete Yure Oliveira. Clique aqui para assistir ao vídeo do evento.

ASCOM/CÂMARA