Petrobras pede ao Ibama licença para eólicas capazes de ‘produzir’ mais de uma Itaipu

A Petrobras anunciou nesta quarta-feira (13) que pediu ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) o licenciamento de dez áreas marítimas para a instalação de estruturas de energia eólica com potência de 23 GW (gigawatts) -Itaipu, por exemplo, tem 14 GW.

Mais cedo, a estatal já havia anunciado uma parceria com a Weg, fornecedora de motores elétricos, para o desenvolvimento de um aerogerador capaz de produzir 7 megawatts de energia, o maior a ser fabricado no Brasil.

Das dez áreas marítimas, sete ficam no Nordeste (três no Rio Grane do Norte, três no Ceará e uma no Maranhão) -as outras estão no Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

“Esse pedido marca a entrada efetiva da Petrobras no segmento de energia eólica offshore”, disse o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, em coletiva nesta quarta, durante evento de energia eólica em São Paulo.

Em janeiro, a Petrobras havia assinado com a Equinor, empresa global de energia, carta de intenções de cooperação para avaliar a viabilidade técnico-econômica e ambiental de sete projetos de geração de energia eólica offshore (no mar) na costa brasileira.

Essas áreas fazem parte das protocoladas pela estatal no Ibama.

A única área protocolada pela Petrobras posicionada em profundidade d’água maior do que cem metros é a de Cabo Frio (RJ). Lá, não será possível usar fundações fixas; por isso, os aerogeradores precisarão ser flutuantes -essa tecnologia vem sendo desenvolvida pela empresa junto à USP (Universidade de São Paulo).

“A tecnologia para eólicas flutuantes vem se desenvolvendo muito rapidamente e apresenta vantagens na sua construção e instalação, uma vez que pode ser montada em um ponto na costa e rebocadas até o local de instalação, sem necessidade de embarcações específicas para instalação de aerogeradores no mar”, afirma Maurício Tolmasquim, diretor de Transição Energética da Petrobras.

Hoje, não há no Brasil projetos em operação de energia eólica offshore; ou seja, com aerogeradores instalados no mar. O Senado discute hoje a regulação deste mercado, e a Petrobras só deve ter direito às áreas solicitadas após essa regulamentação.

Nesta quarta, a estatal anunciou o investimento de R$ 130 milhões com a Weg para o desenvolvimento conjunto de um aerogerador onshore (instalado na terra). A estrutura será capaz de distribuir, sozinha, energia para 16.880 pessoas. Ela terá 220 metros de altura, equivalente à altura de quase seis estátuas do Cristo Redentor, e pesará 1.830 toneladas, o que corresponde a 1.660 carros populares ou 44 Boeings 737.

O acordo firmado abrange o desenvolvimento de tecnologias para a fabricação dos componentes do aerogerador, além de construção e testes de um protótipo. A previsão é que o equipamento possa ser produzido em série a partir de 2025, sendo que a Petrobras terá preferência na aquisição do protótipo.

A estatal diz que o desenvolvimento desse aerogerador facilitará a construção de estruturas de captação de energia eólica offshore. Estruturas no mar têm menor impacto visual e acústico, o que permite a instalação de mais aerogeradores, em comparação com aqueles inseridos na terra.

“Somos uma empresa estatal e não temos vergonha disso. Esse é um resultado de um trabalho que vem do plano de governo Lula. A volta da Petrobras para o setor eólico, a visão de olhar para o futuro, não só o presente, é um resultado do sufrágio das urnas”, disse Prates.

O Brasil, segundo a ABEEólica (Associação Brasileira da Energia Eólica), tem capacidade de gerar 25,6 gigawatts de energia eólica -dado de 2022. Em 2021, a capacidade era quase 20% a menos.

Fonte: BN

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